sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Leishmaniose
















Olá. Tenho duas cadelas e uma delas começou a apresentar umas lesões no focinho que a primeira vista era Leishmaniose. Procurei o veterinário e os exames foram feitos, tendo sido constatado uma micose que já está sendo tratada. O que não deixou de ser um bom motivo para rever a bibliografia sobre a doença.

Doença causada por um protozoário do gênero Leishmania, que tem como transmissor a fêmea do mosquito Lutzomya. Apresenta uma forma na pele e mucosas/ Tegumentar e outra visceral/ Calazar. É de característica silvestre, mas com a mobilidade humana e o crescimento demográfico vêm se expandindo para as regiões urbanas.

São reservatórios naturais os roedores, marsupiais, cavalos, cães, tamanduá, etc.

A incubação pode ser de 2 semanas a 2 anos, com média de 2-3 meses. Não há transmissão do homem para o homem e nem de cão para cão.

O diagnóstico é clínico, epidemiológico e através de intradermorreação de Montenegro, pesquisa do parasita em raspado das bordas da lesão, biopsia, cultura e/ou sorologia específica. Além de hemograma, proteínas totais e fracionadas, aspirado de medula óssea e outros direcionados as complicações.

O diagnóstico diferencial é feito com úlceras ou lesões com componente traumático, vascular ou climático, Sífilis, Câncer, Tuberculose cutânea, micoses cutâneas, Hanseníase na forma cutâneo/mucosa, já na forma visceral teríamos de pensar em Esquistossomose, malária, câncer, anemia falciforme, etc.

Sinais/ sintomas:
No cão: Emagrecimento, queda de pêlos, diminuição do apetite, feridas pelo corpo e unhas compridas demais.

No homem: Quadro prolongado com febre alta, anemia, emagrecimento acentuado, barriga crescida, fígado e baço inchados, ínguas no pescoço, tosse seca, desnutrição, fenômenos hemorrágicos, edema nas pernas, olhos e pele amarelada na forma visceral.
Pápulas e feridas com bordas indolores pelo corpo na forma cutânea/pele,
Pode atingir a cavidade nasal, faringe e laringe causando ulcerações, perfurações no palato e septo nasal, rouquidão e etc na forma mucosa.

Complicações: Infecções das vias aéreas, urinárias, no trato gastrointestinal e hemorragias que podem levar a óbito.

O tratamento é muito específico e certamente seu clínico ou infectologista lhe orientaram muito bem. Na dúvida procure o veterinário para avaliar seu animal ou seu médico para esclarecimentos. Confirmado o caso, este, deve ser notificado a Vigilância Sanitária para as providências cabíveis.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Hepatites, parte III















Olá, finalizando o tema Hepatites Virais aqui está o fechamento do mesmo. Aproveite-o bem.

Tratamento:
As hepatites A e E evoluem bem e sem seqüelas na maioria dos casos.
O repouso é relativo e não absoluto, depende das condições clínicas do doente.
Medicações para vômitos e febre podem ser usadas, tentando evitar o uso do Paracetamol, que é hepatotóxico, se necessário, máximo de 4 gramas/dia.
Atividades físicas somente após normalização das Transaminases hepáticas.
A dieta pobre em gordura e rica em carboidratos (doce) é de rito popular, por ser mais palatável. A dieta fica a critério do paciente.
Bebidas alcoólicas somente após seis meses da cura.
Medicamentos protetores do fígado, chás ou vitaminas carecem de valor terapêutico.

Complicações:
Insuficiência hepática aguda, Cirrose, Câncer hepático, co-infecção com outros vírus, Hepatite C e cronificação da doença devem ser acompanhadas em centros médicos de referência.

Prevenção/ Imunização/ Vacinação:
Esta é a meu ver a grande informação que você poderia ter.
Tenha bons hábitos de higiene pessoal e com os alimentos e líquidos ingeridos.
Transfusões sanguíneas hoje são seguras.
Não compartilhe seringas e agulhas em qualquer hipótese.
Tenha o seu material de manicure pessoal ou de uso descartável.
Faça sexo seguro, use camisinhas/ preservativo.
Saiba escolher muito bem seu tatuador ou piercing, utilize materiais bem esterilizados ou descartáveis.
Quando grávida faça seu pré-natal com carinho e cuidado.
Finalmente, se vacine o quanto antes e da seguinte maneira:
Hepatite A: A partir dos 12 meses de idade, em 2 doses, com intervalo de 6 meses entre elas.
Hepatite B: A partir do nascimento, sendo 3 doses, 0, 1 e 6 meses depois. É eficaz em 90-95% dos casos.
As outras hepatites ainda não possuem vacinas específicas.

Conclusão:
Fico por aqui e agradeço sua disposição em ler este texto que espero tenha contribuído eficazmente para seus cuidados com a sua saúde e do próximo. A fonte utilizada nestes textos é o manual Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Até breve!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Verdade Dói.




















Há poucos dias me lembrava de uma situação que muitas vezes nos deixa constrangido. Já era final de expediente, sexta-feira, quando adentrou ao consultório um jovem casal com poucos meses de casados e recentemente vivendo na cidade, após transferência do esposo, que veio a trabalho. A esposa se queixava de falta de ar, opressão no peito, palpitações e sensações ruins. Como é de praxe indaguei sobre suas doenças do passado, do meio familiar, condições fisiológicas e estado emocional. Quanto à família havia uma grande preocupação com doenças cardíacas, já que a mesma tinha sido observada até em jovens. Ela me informou que há cerca de uns três anos havia feito um check-up com um cardiologista em sua cidade natal e que o resultado fora normal, tendo sido medicada com calmante de flora. Poucos dias antes de me procurar tinha sido atendida no pronto socorro da cidade e que a colega que a atendeu havia lhe dito que estaria com Síndrome do Pânico. Bem, tentando orientá-la, lhe expliquei quais as doenças cardíacas mais comuns que afligem pessoas jovens: alguma alteração ao nascimento, uma herança familiar dominante e até uso de substâncias ilícitas. Abrindo aqui um parêntese, angina ou infarto em pacientes jovens, nos obriga a pensar no uso de cocaína. Notando um grande desconforto do casal nas palavras e postura, perguntei à paciente se era feliz, se estava gostando de morar na cidade. Então, ela olhou para o marido, olhou de novo e usou de meias palavras. Conclui: você não me parece feliz! Ficou nítido o desconforto de ambos. Ela já havia declarado que desde criança era uma pessoa nervosa e que o ambiente familiar era agitado. Examinei a paciente, nada constatando de alterado. Solicitei um Teste Ergométrico e outros exames de rotina. Ao final da consulta disse-lhe que não acreditava numa doença cardíaca para ela, apesar do histórico familiar. Sugeri uma atividade física que lhe desse prazer, que voltasse a estudar e até ter uma atividade profissional, algo que a realizasse, já que não tinha relacionamentos sociais e nem profissionais na cidade. Novamente, clima de desconforto. Disse ainda que eu era o terceiro médico que via seus sintomas como de origem emocional. Demonstrando surpresa me perguntou, como assim, terceiro? Respondi afirmativamente, já que o primeiro foi o seu cardiologista que a medicou com calmantes de flora, depois, a colega do pronto socorro, que levantou a hipótese de Síndrome do Pânico e agora, eu. Pude observar um ar de surpresa na sua pergunta, até então, ela não tinha se dado conta que falávamos a mesma coisa. Por algum motivo, seja ele, comodismo, resistência a mudanças ou ganhos secundários, determinadas pessoas trilham o caminho de evitar a verdade, talvez por medo da dor, mas, que muitas vezes dói tanto quanto. Abraço e até breve.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Memórias de Ipaum Guaçu.- RJ
















Com uma área de 194 km², é a maior ilha oceânica do Brasil, possui uma grande cobertura vegetal de mata atlântica e 106 praias interligadas por trilhas. Os dois maiores picos possuem 1030 e 990 metros, respectivamente, Pedra Dágua e Pico do Papagaio. Localizada no litoral sul do Rio de Janeiro é um dos lugares mais bonitos que já estive e vale à pena conhecer. Ah! Ipaum Guaçu como era conhecida pelos índios Tupinambás significa Ilha Grande, local onde havia um presídio próximo da Praia entre Dois Rios, fantástica, e onde esteve encarcerado Graciliano Ramos, que escreveu Memórias do Cárcere.

Além do que nem o fluxo médio anual de 330000 turistas tira da Ilha Grande - a 1h30 de barco de Angra dos Reis, no sul do Rio de Janeiro - a característica de ser um destino ideal para adeptos do ecoturismo: há locais para trilha, mergulho, surfe, pesca e oferta de passeios de barco ou caiaque. Uma das mais famosas, a praia de Lopes Mendes tem 3 quilômetros de faixa de areia branca e águas transparentes, com tonalidades que variam do azul ao verde. Agito, por lá, nem pensar... Nada de barzinhos ou barracas na areia. A dificuldade de acesso também faz com que outras praias mantenham-se preservadas. os pontos comerciais concentram-se na Vila do Abraão. Não há, porém, caixas eletrônicos ou agências bancárias e a aceitação de cartões de débito ou de crédito é coisa rara. Para hospedagem há cerca de 20 campings, um hotel e 80 pousadas, das rústicas às luxuosas.

Mais informações: http://www.ilhagrande.com.br/
Contribuição: Mirian Maciel - mirianmmaciel.blogspot.com

Hepatites, parte II














Dando continuidade ao tema, vejamos agora outros aspectos da doença.

Sinais e sintomas:
Febre, desânimo, perda do apetite, mal estar, náuseas, vômitos, dor no corpo, fezes sem cor ou brancacenta, urina cor de coca-cola; icterícia/olhos amarelos e até pele amarelada. Lembrando que alguns pacientes podem apresentar sinais ou sintomas discretos, são os chamados oligossintomáticos.

Período de incubação:
Para aparecer os primeiros sinais/sintomas da doença são necessários de 15 a 180 dias, dependendo do tipo de hepatite, após a contaminação.

Diagnóstico diferencial:
Temos de pensar em várias outras doenças com estes sinais e sintomas, só que, não preciso confundir sua cabeça, deixe isto para o seu médico. Basta você lembrar que nem todo olho amarelo é hepatite viral.

Exames laboratoriais:
Além das transaminases hepáticas, que avaliam a lesão do fígado, podemos solicitar as bilirrubinas, que avaliam a intensidade do amarelão dos olhos e da pele. Outros , se necessário, seriam Fosfatase alcalina, atividade da protrombina, Gama GT e proteínas totais e fracionadas. Os exames sorológicos é que fornecem o diagnóstico específico do tipo de hepatite. Seriam eles:
Hepatite A: Anti HAV IgM e IgG
Hepatite B: HBsAg, Anti HBsAg, Anti HBc IgM e IgG, HBeAg e Anti HBe.
Hepatite C: Anti HCV
Hepatite D: Anti- delta IgM e IgG.
Hepatite E: Anti HEV IgM e IgG.

ATENÇÃO: Os exames NÂO precisam ser solicitados necessariamente nesta ordem e nem todos eles. Existe uma sequência lógica de serem realizados e interpretados, que seu médico acostumado a diagnosticar hepatites irá e terá toda a liberdade de realizar. Fique calmo quanto a condução dos exames, não se precipite. Tais exames são os de uso rotineiro no diagnóstico definitivo da doença.
Aguarde nosso próximo e derradeiro texto, onde abordaremos tratamento e prevenção. Até breve.