segunda-feira, 4 de junho de 2012

Febre amarela



















É uma doença causada por um virus - um RNA vírus - Existem dois tipos de doença, Febre Amarela Silvestre (FAS) e Febre Amarela Urbana (FAU). Na primeira o principal mosquito ou vetor envolvido na transmissão da doença é o Haemagogus janthinomys, enquanto na segunda, o nosso já tão conhecido Aedes aegypti, também causador da Dengue.

O homem se contamina acidentalmente na FAS já que a doença envolve primatas como os macacos, na FAU um homem contaminado passa o vírus ao mosquito vetor que acaba por transmití-lo a pessoas saudáveis.

A doença tem um período de incubação - tempo para aparecem os primeiros sintomas - de 3 a 6 dias após a picada da fêmea do mosquito infectado.

O quadro clínico pode ser variável desde uma apresentação subclínica/ leve até casos graves ou fatais. Geralmente possui uma apresentação em duas fases. Na primeira fase o paciente apresenta a doença de forma abrupta, com febre alta, pulso cardíaco lento (sinal de Faget) em comparação a temperatura corporal, calafrios, dor de cabeça, dores pelo corpo, prostação, náuseas e vômitos que podem durar até 3 dias, havendo uma melhora dos sintomas. Este período de melhora pode durar horas ou até 2 dias, no caso de evolução para a cura não se observa a segunda fase da doença que é chamada de período de intoxicação, caracterizada pelo aumento da febre, diarréia e reaparecimento de vômitos, estes em borra de café, insuficiência do fígado e do rim. Surge icterícia - olhos amarelados - manifestações hemorragicas, como vômitos e evacuações com sangue, sangramento nasal e na urina; perda de proteínas na urina e diminuição do volume urinário; confusão mental, torpor e até o coma.

A transmissão da doença aos mosquitos por pessoas contaminadas ocorre de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos primeiros sintomas até 3 a 5 dias após a melhora clínica do doente.

Os exames laboratoriais incluem hemograma completo, as transaminases hepáticas e dosagem de bilirrubinas. TGO > TGP e aumento principalmente da bilirrubina direta, dosagem de uréia e creatinina, coagulação sanguínea, além da avaliação de outros conforme o quadro clínico do paciente. Com a função de se diagnosticar o vírus podemos realizar imunofluorescência na expectativa de identificação da presença de antígenos virais ou sorologias para acompanharmos a carga de anticorpos do paciente. Exames como biologia molecular ou PCR podem identificar partículas ou o ácido nucléico viral, sendo estes raramente pesquisados na rotina clínica.

O diagnóstico diferencial nas formas leves depende de uma correlação epidemiológica já que os sinais e sintomas são afeitos a uma enorme gama de doenças corriqueiras do nosso dia a dia. Na doença complicada devemos afastar a possibilidade de hepatites fulminantes, leptospirose, malária por Plasmodium falciparum, dengue hemorrágica e septicemias.

A febre amarela não possui um tratamento específico para o vírus, um tratamento suportivo com hidratação, reposição de elementos do sangue e suporte em unidades de terapia intensiva é que permitem uma diminuição da letalidade e maior sobrevida do paciente.

A prevenção com a vacina ainda é a melhor estratégia defensiva contra o vírus e deve ser realizada a partir dos 9 meses de idade e com reforço a cada 10 anos. Em áreas endêmicas pode se iniciar a vacinação aos 6 meses de nascido.

Fonte: Manual de Doenças infecciosas e parasitárias do Ministério da Saúde, 8a edição.