sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Corrimento vaginal.
















O que é corrimento vaginal?

Caracteriza-se por uma irritação na vagina ou na vulva ou por saída de um fluxo de secreção vaginal anormal (corrimento) que pode ou não apresentar cheiro desagradável. Pode ser acompanhado de coceira, ardência ou aumento da freqüência urinária.

Os corrimentos podem ser causados por: infecções vaginais, infecções do colo do útero ou por doenças sexualmente transmissíveis. Na infância, são comuns as vulvovaginites inespecíficas causadas por higiene inadequada e pela maneira incorreta de realizar a higiene após a evacuação - que sempre deve ser feita de frente para trás, evitando o contato de fezes com a vagina.

O diagnóstico é feito pelo ginecologista através da história clínica da paciente, exame ginecológico e eventualmente exames complementares. As características do corrimento ajudam muito na identificação do agente causal, por isso uma visita ao ginecologista é muito importante para solucionar o problema.


Quais são as causas mais comuns de corrimento vaginal?

Candidíase ou monilíase vaginal

Causada por um fungo - Cândida ou Monília - que provoca corrimento esbranquiçado tipo nata de leite, geralmente acompanhado de coceira ou irritação intensa. 

Alguns fatores são classicamente reconhecidos como predisponentes ao aparecimento de candidíase como: queda na imunidade, uso de antibióticos, gravidez, diabetes mellitus descompensado, infecções; uso de medicamentos como anticoncepcionais orais de alta dosagem, corticóides ou imunossupressores. 

A Candida albicans é freqüentemente o diagnóstico presuntivo para muitas vulvovaginites, mas muitas vezes isto não é verdade. Pelo menos metade das mulheres que são encaminhadas como portadoras de candidíase vaginal recorrente, na verdade, têm seus sintomas devido a outras causas que não a candidíase, tais como alergia, hipersensibilidade local, vaginose citolítica, etc.. Por isso, um diagnóstico correto é a maior garantia para o sucesso terapêutico.  

O diagnóstico clínico pode ser confirmado por meio de cultura vaginal específica (em meio de Sabouraud). Esta cultura é específica para cândida e determina a espécie de cândida envolvida, permitindo a realização dos testes de susceptibilidade, que podem ser importantes nos casos de candidíase recorrente. 

Candidíase não é considerada uma doença sexualmente transmissível.

O tratamento é a base de antimicóticos mas deve-se tentar tratar as causas da candidíase para evitar as recidivas.

Tricomoníase: causada pelo Trichomonas vaginalis

O Trichomonas vaginalis é um protozoário adquirido através de relações sexuais ou de contatos íntimos com secreção de uma pessoa contaminada. Portanto, trata-se de uma doença sexualmente transmissível.

O diagnóstico é clínico, confirmado por exames microscópicos realizados no próprio consultório médico, exames de laboratório ou pelo Papanicolau.

O tratamento é com antibióticos e quimioterápicos, sendo obrigatório o tratamento do parceiro sexual.

Vaginose Bacteriana: causada pela Gardnerella vaginalis ou por outras bactérias

Caracterizada por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido ao aumento exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias (Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp, Mobiluncus sp, micoplasmas, peptoestreptococos). Esse aumento é associado a uma ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos acidófilos (que normalmente são os agentes predominantes na vagina normal). 

Causa corrimento vaginal com odor fétido, mais acentuado depois das relações sexuais e no período menstrual; de coloração  acinzentada, aspecto cremoso e algumas vezes bolhoso.

O diagnóstico é feito com exame a fresco ou esfregaço corado do conteúdo vaginal, que mostra a presença de "clue-cells", que são células epiteliais, recobertas por bactérias aderidas à sua superfície. O valor do pH vaginal normal varia de 4,0 a 4,5; mas na vaginose bacteriana é sempre maior que 4,5. Pode ser feito o teste das aminas, misturando o conteúdo vaginal com 1 ou 2 gotas de KOH a 10%, na presença de vaginose bacteriana, ocorre a liberação de aminas com odor fétido, semelhante ao odor de peixe podre. 

Não é considerada uma doença sexualmente transmissível.

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention nos EUA (CDC), esta doença pode estar relacionada com um novo parceiro sexual ou múltiplos parceiros sexuais. Para evitá-la é recomendado não ter relações sexuais sem o uso de preservativos, limitar o número de parceiros sexuais, não fazer duchas vaginais sem recomendação médica e, em caso de contaminação, tratar a infecção como recomendado pelo médico.

O tratamento é a base de antibióticos e pode ser estendido ao parceiro. No homem a infecção é assintomática.

Corrimentos vaginais por excesso de bacilos de Doderlein

O corrimento por excesso de Bacilos de Doderlein é bastante freqüente. Estes bacilos fazem parte da flora normal da vagina, se alimentam de glicogênio, produzido pelas células vaginais estimuladas pelos hormônios femininos. Eles produzem ácido lático, o que mantém a pH da vagina ácido para evitar a proliferação de bactérias causadoras de doenças.

Quando estão em excesso na flora vaginal, causam os mesmos sintomas da candidíase. O importante é diferenciar essas duas causas de corrimento, pois o tratamento delas é diferente.

Vaginites 

Outras causas de corrimento são as vaginites atróficas da menopausa, do parto e da amamentação. A vaginite irritante provocada por camisinha, diafragma, espermicida, creme lubrificante, absorventes externo e interno, vaginite alérgica provocada por calcinhas de lycra, nylon e outros tecidos sintéticos, roupa apertada, jeans ou meia calça. 

Cervicites

São inflamações do colo do útero. As causas mais comuns são infecções como gonorréia, herpes genital, clamidia e outras infecções bacterianas. Existem também cervicites crônicas comuns nas mulheres depois do parto. Causas menos comuns são gravidez, uso de contraceptivos orais, sensibilidade a determinados produtos químicos  como  espermicidas, látex das camisinhas e dos tampões vaginais.

Vulvites

São inflamações da parte externa dos genitais ou vulva. 

As vulvites podem ser causadas pelo uso de papel higiênico colorido ou perfumado, sabonetes perfumados ou cremosos, shampoos e condicionadores de cabelo, sabão em pó e amaciantes de roupas, detergentes, desodorantes íntimos ou uso de ducha vaginal. Causam intenso prurido (coceira) vulvar. É importante que a própria mulher tente descobrir qual a causa de seu corrimento, retirando os fatores irritantes um a um para verificar qual é aquele que está causando a vulvite. 


Como tratar os corrimentos vaginais?

O tratamento correto depende da causa do corrimento. É fundamental que a mulher preste atenção aos seus hábitos e identifique o que pode estar causando o corrimento vaginal.O tratamento pode se limitar a uma mudança de hábitos ou a uma modificação nas roupas que usa. Em alguns casos é necessário o uso de medicamentos, mas em outros casos os medicamentos até pioram a situação.

Em alguns casos é imprescindível o tratamento da mulher e do parceiro com medicamentos para evitar a possibilidade de reinfecção. Um ginecologista sempre deve ser consultado em casos de corrimento vaginal.


Como evitar o corrimento vaginal?

- Use roupas que não comprimam a região genital. As calças devem ser mais largas, de tecidos leves e não sintéticos.
- Dê preferência para o uso de calcinhas de algodão. Evite tecidos sintéticos como lycra ou nylon. Uma boa opção é aproveitar o período noturno para deixar a pele da região genital respirar, para isso a mulher pode dormir sem calcinha.
- Roupas íntimas devem ser lavadas com sabão de côco ou sabão neutro. O uso de amaciantes e água sanitária é contra-indicado, já que esses produtos aderem à fibra do tecido e podem levar ao desenvolvimento de vaginites químicas.
- Procure imediatamente um ginecologista no início dos sintomas e jamais use medicamentos por conta própria. 
- Para a higiene íntima use sabonete neutro ou produtos apropriados para a higiene da região genital. Evite os sabonetes comuns e os que contém cremes hidratantes. 
- Evite desodorantes íntimos e produtos como talcos ou perfumes. 
- Duchas vaginais podem retirar a proteção natural da vagina, favorecendo o crescimento de fungos ou bactérias. 
- Evite o uso excessivo de tecidos sintéticos e jeans. 
- Seque a roupa íntima em locais secos e arejados, de preferência expostas ao sol. E passe com ferro as calcinhas antes do uso.
- Evite ficar muito tempo com biquinis molhados. 
- Para depilação da região genital deve sempre ser usada cêra descartável e observar as condições de higiene do local que oferece o serviço. 
- Durante a menstruação, troque o absorvente quantas vezes forem necessárias, dependendo do fluxo e com um mínimo de três vezes ao dia.
- O uso de absorventes diários não é recomendado. Eles impedem a transpiração da região genital, favorecendo o crescimento de fungos e bactérias. 
- Absorventes internos podem ser usados desde que trocados com regularidade. 
- Evite papel higiênico colorido ou perfumado. Eles podem agredir a mucosa genital. 
- Um lubrificante íntimo pode ser uma boa alternativa para manter a lubrificação da mulher durante a relação sexual. 
- Procure um ginecologista regularmente para realizar exames ginecológicos preventivos. Não use medicamentos por conta própria. A auto-medicação é uma das principais causas de corrimentos crônicos.

Fonte: Equipe Médica Centralx

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