terça-feira, 14 de julho de 2009

Manifesto pela escola.
















Estava acompanhando um campeonato intermunicipal de futsal em uma escola e observei algumas coisas: numa cusparada um jovem lança um chiclete nas escadarias da arquibancada, que já anda coberta de chicletes adesivados, alguns alunos da torcida do próprio time pegam no pé do n°5, que, aliás, é bem branquinho e de olhos azuis e muito bom de bola, o treinador do time bradava c.....o vai na bola, corre, cerca, p...a q.. p...u.
Não sou educador ou sociólogo, mas fruto de um sistema educacional, que envolveu as escolas por onde estudei, e meus pais, que por sua vez tiveram pouco acesso as oportunidades educacionais de sua época. Hoje, muito se fala da violência crescente que vive o meio escolar e muito ouço de queixas dos atuais educadores, de quão difícil é exercer a profissão de mestre. Os alunos, em sua maioria, não querem estudar, aprender, se instruir e se educar. Poderia citar várias vantagens desta oportunidade, mas fiquemos por aqui.

A escola se tornou um ponto de encontro de amigos, de iguais, de diversão ou combinação da mesma, quando não para articulações ditas anti-sociais.Mas, porque me interessei pelo assunto, primeiro por ter filhos em idade escolar e que muito dependem desta instituição e segundo que o problema é de todos que vivem em sociedade e não só do poder público, professores, diretores e alunos por si só. Andei pesquisando para entender como gira o mundo e notei que muito do que vivemos hoje foi sendo construído há décadas.

A primeira metade do século XX foi marcada por destruição das instituições e esfacelamento das sociedades quando da 1ª e 2ª Grandes Guerras Mundiais, que deixaram um rastro de destruição, pobreza, fome e perdas incontáveis. Os sobreviventes com muita disciplina e objetivo tiveram de trabalhar pela reconstrução de cidades e até países, imperou um conservadorismo forte como palavra de ordem. Seguindo as transformações no modelo mundial nos deparamos com o início do confronto capitalismo versus socialismo, que polarizou o mundo durante vários anos, com várias de suas conseqüências como as Guerras do Vietnã e da Coréia. Em um dado momento o povo começou a demonstrar sua insatisfação com tais comportamentos e condutas de época e foi as ruas, muitas vezes jogando pedras e coquetéis molotov na polícia.

O ano de 1968 é único neste contexto. As barricadas estudantis em Paris, que ansiavam por liberdade de expressão e sexual. A morte de Martin Luther King nos USA e o surgimento dos Panteras Negras e suas lutas contra a segregação racial americana e as restrições de convívio e participação social do americano afro descendente. O Brasil não ficou para trás na história, lutava pela liberdade política perdida há alguns anos, lutava contra o AI-5 e com engajamento de representantes de muitas classes sociais e políticas brasileiras. Era tempo de Geraldo Vandré e sua “Prá não dizer que não falei das flores”. Tempo, ainda, da Apollo 7, a primeira tripulada e dos primeiros caixas eletrônicos do país. Os anos 70 que se seguiram formaram a geração paz e amor, que muitas vezes buscaram no álcool, droga e rock and roll as respostas para suas necessidades, ou seja, geração Woodstock. Tais influências se deram em momentos oportunos da história e/ou na dependência do perfil individual ou de grupos suscetíveis.

Os pais e avós do momento são os herdeiros destas mudanças e parecem perdidos na condução desta ordem social, sendo que hoje eles estão em casa cuidando de seus afazeres domésticos, no poder público gerindo o destino da nação, nas escolas ensinando ou dirigindo e nas ruas sendo exemplos de uma geração recém eleita para assumir o mundo. Como cobrar de um jovem adolescente que não atire lixo nas dependências da escola, se em casa a família joga pela janela; como ensinar tolerância na escola, se nas ruas põem fogo em índio ou explodem bombas em homossexuais; como falar de educação e cortesia no trânsito já que sempre tem um te mandando a m...a; como falar em paz ou civilidade se em casa, na rua ou na esquina do bairro tem alguém sentando o braço no outro. Os conflitos começam pelo exemplo que se tem em casa, se vê nas ruas e o que se ensina nas escolas, e cá pra nós a família e as ruas têm muito mais poder de persuasão. Mas que desafios nos esperam? Ajudem a listar o que se pode tentar fazer, contribuam, mande e-mail, e vamos construir uma sociedade melhor...O que se deve esperar do:

Poder Público:
- Propiciar uma escola confortável.
- Escolas com água, telefone, energia elétrica, esporte e internet.
- Transporte adequado para aqueles que necessitem ser conduzidos a escola.
- Oferecer aos professores cursos de reciclagem e formação eficazes.
- Pagamentos justos e meritórios.

Professores:
- Criatividade para estimularem seus alunos a se motivarem com a opção do aprendizado.
- Almejarem ser orientadores e não moralizadores.
- Estimularem os pais de alunos a participarem de atividades desenvolvidas nas escolas, oficinas de pais e filhos parece uma boa idéia.
- Abrirem a escola à comunidade com atividades esportivas, culturais e sociais.

Família:
- Pensarem como parceiros e não competidores a escola pela educação dos seus filhos.
- Estimularem os filhos em suas tarefas escolares.
- Entenderem que todos necessitam de limites para o convívio em sociedade.
- Lembrar que os bons exemplos são a melhor lição da casa, isto mesmo, da casa, para um jovem que está prestes a encarar o mundo.

Estudante:
- Compromisso com o aprendizado.
- Respeito ao mestre que lhe traz uma proposta de mudança e desenvolvimento.
- Compreenderem que a escola pode ser a porta que abrirá melhores condições de vida.
- Se envolverem com as tarefas estudantis, como forma de adquirem cultura, conhecimento e sensibilidade emocional.

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